quarta-feira, 14 de novembro de 2007

“What the Web is for” de David Weinberger

David Weinberger autor de várias obras reconhecidas no meio académico, iniciou a sua carreira como professor de filosofia, ocupando posteriormente várias funções, nomeadamente, a de consultor de marketing, consultor político e empresário no ramo do investimento de risco na Internet.

No seu texto, David Weinberger, fala da dicotomia existente entre o mundo real (no qual vivemos) e a web. Para este o mundo real mostra aquilo que o ser humano é, e a forma como este se junta / relaciona entre grupos em sociedade (animal social). Por outro lado, na web defende, o ser humano mostra a forma como escolhe, a forma como se preocupa se relaciona entre si. “The real world map shows what we humans have been given to work with. The Web shows what we have chosen to care about”.

No seu artigo, uma ideia sempre presente “Together” ou juntos quando traduzido, é aplicável segundo este, ao mundo da web, uma vez que esta resulta de um esforço conjunto e constante dos utilizadores, não é algo inato ao homem, mas sim fruto do seu trabalho “it is made out of humans caring about thights together”. Esta necessidade humana de conviver e ser ouvido, obrigou-o ao longo da história a criar os seus próprios instrumentos, que lhe permitisse encurtar distâncias quebrando barreiras e possibilitado portanto a comunicação. Estes meios de comunicação, desde a simples carta, passando pelo telefone no final do século XIX, vieram salvaguardar a necessidade de ser e estar em sociedade. Como David Weinberger afirma, o surgimento da Internet, ela própria um “veículo” de comunicação criou uma ampla gama de novas possibilidades que alteram a forma do homem estar e ser “ (…) be together in new ways”.

A Internet e o novo mundo da web revolucionaram em apenas 50 anos, totalmente a forma do ser humano se dar a conhecer, mostrar e partilhar o seu “eu”, numa hilariante comparação afirma o autor, que caso marcianos visitassem o novo mundo obviamente que nós apenas lhes mostraríamos o melhor que a nossa sociedade tem para oferecer. É exactamente isso que o ser humano fez da Internet; Um espelho de boas vontades humanas, mostrando o nosso melhor “It`s when we are caring for one another that we`re at our best”, só através do processo de observação se pode na realidade vislumbrar.

David Weinberger argumenta repetidamente, que apenas somos humanos porque estamos ligados entre nós “we are humans because we are connected to another humans”, uma vez que dentro de nós, reside ainda, o sentimento íntimo de protecção, algo que apenas um ser humano pode partilhar com outro, já que nada se preocupa “Statues don`t care what happens to them. Robot don`t care. Humans do. We care together”. No mundo real, o homem encontra, por vezes dificuldades em encontrar essa capacidade de conectividade ou busca de protecção, já que o espaço nos afasta. É este problema que a Internet e todas as suas diversas funcionalidades vieram se não resolver, por ventura atenuar, já que até ai o homem estava limitado no seu número de “ligações”, quer através de carta ou telefone, a outros que já conhecia, que lhe eram próximos, que lhe eram íntimos. No mundo real conhecemos pessoas que nos rodeiam, na Internet nós partilhamos interesses “The web make it easy to connect”.

Partilhamos informação, com maior facilidade, com grupos que partilham dos nossos interesses e nos compreendem enquanto ser individual “ (…) we find a web page that talks about how to make jewelry out of sheels”.
Em mote de conclusão o autor alude para a existência de dois mundos, o primeiro o real, no qual nos mantemos afastados pela distância, um segundo a web, no qual nos encontramos e trocamos experiências e conhecimentos. “The real world is about distances keeping people apart. The web is about shared interests bringing people together”. Por ultimo refuta ainda, a ideia de que, se ser humano, é viver em conexão com os outros e “tomar conta” / auxiliar os outros, então a Internet e os seus múltiplos hyperlinks, são criados e transformados pelo interesse e paixão, mutáveis e adaptáveis, para que constituam os locais nos quais somos melhores enquanto homens “ (…) is a place where we can be better at being people”.
Após ter sido analisado na íntegra o texto David Weinberger, eis que se torna necessário enquadra-lo dentro de uma teoria que define a sociedade e a tecnologia. O grupo após discussão concordou que o autor se enquadra dentro da corrente construtivista, ao defender que a tecnologia é uma consequência da sociedade em que vivemos, o que pode ser constatado pelos múltiplos exemplos anteriormente referidos.